"Vença a si mesmo e terá vencido o seu próprio adversário." (Provérbio japonês)



“Presos ou soltos, nós, seres humanos, somos muito cegos e sós. Quase nunca conseguimos transcender os nossos estreitos limites para enxergar os outros e a nós mesmos sem projetar o nosso próprio vulto na face alheia e a cara dos outros na nossa.”

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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O sentido da vida




Que interessa, no fim de contas, a alta posição que tens na vida, se tu próprio não gostas dela?



Há várias escolas de pensamento antigo, defendendo que a nossa felicidade depende muito daquilo que se passa na nossa mente. As nossas insatisfações e medos são causa de infelicidade, e isso está muito ligado aos nossos pensamentos e à nossa atitude positiva ou negativa face à vida. 

                                Séneca,  4 a.C.-65 d. C., filósofo romano, Epístolas a Lucílio 
















DESPREOCUPAÇÃO EM RELAÇÃO AO FUTURO, VIVENDO O PRESENTE

Para muitos escritores e filósofos antigos, o sentido da vida obtém-se na felicidade, e esta ganha-se vivendo placidamente o presente e minimizando ou ignorando os possíveis males futuros.

A vida do louco é vazia de gratidão e cheia de medos, toda ela construída sobre os fantasmas do futuro. 
Epicuro, 341-270 a.C., filósofo grego, Carta a Meneceu 

Os nossos infortúnios são curados pela grato reconhecimento do que de bom nos acontece e pelo reconhecimento de que é impossível desfazer o que está feito.
Epicuro, 341-270 a.C., filósofo grego, The Extant Remains

Deixa cair as tuas interrogações sobre o que o amanhã te pode trazer, e considera como um lucro cada dia que o Destino te dá.
Horácio, 65-8 d. C., poeta romano, Odes 

Não te preocupes com o dia de amanhã, porque o amanhã trará consigo o que é seu. Bem basta os problemas que cada dia traz no seu regaço.
Bíblia, S. Mateus 

Pensar no que está muito para lá de nós, em vez de nos adaptarmos ao presente, é fonte de medo. A nossa consciência - a maior das bênçãos dadas à humanidade – é também a nossa maldição.
Séneca, 4 a.C.-65 d. C., filósofo romano, Epístolas a Lucílio 

Para quê remexer em sofrimentos passados, e tornarmo-nos infelizes hoje porque fomos ontem? (…) Quando os sarilhos e os problemas terminam, o natural é que fiquemos alegres.
Séneca, 4 a.C.-65 d. C., filósofo romano, Epístolas a Lucílio 

Os animais selvagens fogem do perigo que os envolve, e mal lhes escapam não mais se preocupam. Nós, porém, atormentamo-nos por aquilo que é passado e pelo que há-de vir. E assim aquilo que é uma bênção magoa-nos, pois que a memória traz de novo a agonia do medo, e a previsão antecipa-o. Ninguém confina a sua infelicidade ao presente.
Séneca, 4 a.C.-65 d. C., filósofo romano, Epístolas a Lucílio 

Há duas coisas – a recuperação dos problemas do passado e o medo dos problemas futuros – que deveriam ser eliminadas das nossas vidas: a primeira porque não nos diz mais respeito, e a segundo porque ainda o não diz.
Séneca, 4 a.C.-65 d. C., filósofo romano, Epístolas a Lucílio 

Aqueles que fruem a ocasião e o momento e vivem de acordo com o curso da natureza, não são afectados pela tristeza ou pela alegria. É o que os antigos chamam libertação da sujeição. 
Tchuang-Tseu, filósofo chinês ligado ao taoísmo, século III ou II a. C., Book of Tchuang-Tseu 




DESPREOCUPAÇÃO E DESAPEGO EM RELAÇÃO ÀS PREOCUPAÇÕES MATERIAIS 

Várias filosofias antigas, e nomeadamente a filosofia oriental, postulam o desapego em relação às riquezas materiais e às preocupações que daí derivam.

Todo o homem que pensa que é insuficiente o que tem, é um homem infeliz ainda que seja o dono do mundo inteiro.
Epicuro, 341-270 a.C., filósofo grego, citado por Séneca em Epístolas a Lucílio.

Os que estão ligados às coisas materiais não podem libertar-se a si próprios.
Tchuang-Tseu, filósofo chinês ligado ao taoísmo, século III ou II a. C., Book of Tchuang-Tseu 

Ao nos vergamos aos nossos desejos materiais - um carro novo, ou uma casa nova, por exemplo -, aumentamo-los em intensidade e multiplicamos o seu número. Desejamos mais e ficamos cada vez menos satisfeitos, cada vez mais incapazes de satisfazê-los.
Dalai Lama, líder político e espiritual tibetano, Voices from the Heart

Por isso vos digo: não vos preocupeis com a vossa vida, e com o que haveis de comer e beber; ou com o vosso corpo, e o que haveis de vestir. Não é a vida mais importante que a comida, e o corpo mais importante que as roupas.
Bíblia, S. Mateus

Olhai as aves do céu: elas não semeiam ou recolhem bens em celeiros, e no entanto o Pai celeste alimenta-as. Não sois vós mais importantes que elas? 
Bíblia, S. Mateus

Qual de vós, é capaz de acrescentar uma simples hora à vida pelo facto de se preocupar com ela? 
Bíblia, S. Mateus

Por que vos preocupais com a roupa? Vede como os lírios do campo crescem, eles que não trabalham nem fiam. Mais vos digo: nem Salomão em toda a sua magnificência se vestiu melhor que eles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo que hoje existe para logo amanhã ser queimada pelo fogo, como não fará ele mais por vós, homens de pouca fé.
Bíblia, S. Mateus

Não vos preocupeis dizendo: "Que hei-de eu comer?"' "Que hei-de eu beber?" Ou "O que hei-de eu vestir"? Os pagãos correm atrás dessas coisas, porém o vosso Pai Celeste sabe de tudo isso, e das vossas necessidades. Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo.. 
Bíblia, S. Mateus




POBREZA, IGUALDADE, SOLIDARIEDADE E VIDA MONÁSTICA

Numa tradição que passa por religiosos místicos como São Francisco de Assis, certas filosofias religiosas advogam o voto de pobreza, a igualdade e a vida monástica

Ordem de Santo Agostinho 
Antes de tudo o mais, queridos irmãos, amai Deus e depois o teu vizinho, porque assim está escrito que seja.
2
O principal propósito para a vossa adesão à nossa casa é viver harmoniosamente, em unidade de mente e coração com Deus.
3
Não chames a nada teu, mas que tudo seja nosso em comunhão. Comida e roupa serão distribuídas a cada um pelo vosso superior, não igualmente por todos, porque nem todos gozam da mesma saúde, mas sim de acordo com as necessidades de cada um. 




O PRAZER DÁ SENTIDO À VIDA

Epicuro, um filósofo grego do século III-IV a.C, defendeu uma filosofia de vida centrada em prazeres moderados. Alguns séculos mais tarde, os cristãos atacariam violentamente essa filosofia. Só no século XVII surge um grande autor cristão – Benedito Espinosa – a defender o direito humano ao prazer.

O prazer é o princípio e o fim do viver feliz. Ele é o bem primeiro e inato, e é baseado nele que devemos concretizar as nossas escolhas e as nossas aversões.
Epicuro, 341-270 a.C., filósofo grego; Carta a Meneceu

Não sei conceber o bem, se suprimo os prazeres que se apercebem com o gosto, e se suprimo os do amor, os do ouvido e os do canto, ou se coloco de lado as emoções agradáveis que as belas formas causam à vista.
Epicuro, 341-270 a.C., filósofo grego, Fragmentos

Não são os convites e as festas contínuas, nem a posse de crianças e mulheres, nem de peixes nem de todas as outras coisas que podem oferecer uma sumptuosa mesa, que fazem doce a vida, mas sim o sóbrio raciocínio que busca as causas das nossas preferências e repulsas, e que afugenta as opiniões que levam a que a perturbação se apodere dos espíritos.
Epicuro, 341-270 a.C., filósofo grego, Carta a Meneceu

Apenas a nossa selvagem e triste superstição pode proibir os nossos prazeres. Por que é que há-de ser mais digno satisfazer a nossa fome e a nossa sede do que livrarmo-nos da nossa melancolia?
B. Espinosa, 1632-1677, filósofo holandês, The Ethics 

Tirar o máximo prazer das coisas que usamos - sem chegarmos ao ponto de delas desgostarmos, já que tal não significaria prazer -, eis a postura do homem sábio.
B. Espinosa, 1632-1677, filósofo holandês, The Ethics

CONTROLO DAS PAIXÕES, DESEJOS, OPINIÕES E IDEAIS NEGATIVAS 

Os antigos filósofos gregos e romanos da escola estóica foram os grandes defensores do princípio de que a felicidade está na sabedoria que controla paixões, desejos, opiniões, ideias.

As perturbações derivam de opiniões e juízos insensatos.
Cícero, 106-43 a. C., filósofo e político romano, De Finibus bonorum et malorum

É feliz o sábio que com moderação e firmeza está tranquilo e em harmonia consigo mesmo, não se consumindo com os males, futilidades e entusiasmos, nem se enervando por medo, nem ardendo de desejos e de cobiça.
Cícero, 106-43 a. C., filósofo e político romano, Tusculan disputation

A maior das vitórias é a vitória sobre nós mesmos.
Pali Tripitaka, colecção budista de textos sagrados, Dhammapada 

Devemos controlar os nossos infortúnios pela agradecida constatação do lado positivo das coisas e pelo reconhecimento de que impossível desfazer o que está feito.
Epicuro, 341-270 a.C., filósofo grego, The Extant Remains

All life is a struggle in the dark. (…) After a while the life of a fool is hell on earth.
Lucrécio, 98-55 a.C, poeta e filósofo romano, De rerum natura

A felicidade não é um ideal da razão mas sim da imaginação.
E. Kant, 1724-1804, filósofo alemão, Fundamental Principles of the 
Metaphysics of Ethics 





SENTIDO DA VIDA E CONTROLO DAS PAIXÕES E DOS DESEJOS DO CORPO 

Os antigos filósofos estóicos foram defensores mais destacados do princípio de que devemos controlar os desejos do corpo e das paixões como forma de nos libertarmos. Mas não só: filósofos como Sócrates e as filosofias orientais também advogam este princípio.

Reduzindo ao máximo os meus desejos, estou mais próximo dos deuses.
Sócrates, 470-399 a.C., filósofo grego, citado por Diógenes Laércio em Lives of Eminent Philosophers.

É ilusão alimentar cem cessar os desejos da nossa alma ingrata, cobrindo-a de bens sem nunca a poder saciar.
Lucrécio, 98-55 a.C, poeta e filósofo romano, De rerum natura 

Não é o corpo que é insaciável. O desejo ilimitado que nos condena ao supérfluo, à insatisfação, à infelicidade, é uma doença da imaginação.
A. Compte-Sponville, filósofo francês, Pequeno Tratado das Grandes Virtudes





A ELIMINAÇÃO DO SOFRIMENTO PELO DESAPEGO EMOCIONAL 

Várias filosofias de vida orientais – correntes budistas, taoistas e hinduístas - defendem o desapego emocional e a negação de sentimentos como via de evitar o sofrimento. Certas correntes defendem formas de existências quase vegetativas, como forma de evitar a dor.

O nosso sofrimento é proporcional à nossa ligação às coisas deste mundo.
Thomas Mann, 1875-1955, escritor alemão, The Confessions of Félix Krull 

Aquele que procura a felicidade, deve extirpar de si a flecha da aflição, do desejo, do desespero.
Pali Tripitaka, colecção budista de textos sagrados, Sutta-Nipata

O homem sábio deve recusar a cólera, o orgulho, a decepção, a inveja, o amor, o ódio, a desilusão, a concepção, o nascimento, a morte, o inferno, a existência animal, e a dor.
Jaina Sutras, Acaranba Sutra, textos religiosos indianos do século VI a. C., e depois 

A mente do homem perfeito é como um espelho. Ele não distorce a sua resposta às coisas. Ele responde às coisas mas não penetra na sua existência. Deste modo ele pode lidar com essas coisas sem se magoar.
Tchuang-Tseu, filósofo chinês ligado ao taoísmo, século III ou II a. C., Book of Tchuang-Tseu 

Não queiras ser famoso. Não queiras ser um armazém de regras. Não queiras apreender a função das coisas. Não queiras ser o mestre do conhecimento que manipula. Procura compreender o mais algo degrau das coisas, viajando a um nível em que não há sinais, exercitando plenamente o que recebeste da natureza, negando tudo o que há de pessoal e subjectivo em ti. Numa palavra: procura o vácuo sem ideias.
Tchuang-Tseu, filósofo chinês ligado ao taoismo, século III ou II a. C., Book of Tchuang-Tseu 





A FELICIDADE ESTÁ EM DEUS

A felicidade como fé no divino: a tradição cristã

Sem Deus, o conhecimento da miséria humana é desesperante.
B. Pascal, 1623-1662, filósofo, físico e matemático francês, Pensamentos 

Quando te procuro, meu Deus, estou à procura da felicidade. Procurar-te-ei para que a minha alma viva, porque o meu corpo vive da minha alma, e a minha alma vive de ti. 
S. Agostinho, 354-430, teólogo e filósofo do cristianismo, Confissões

Longe de mim, longe do coração do teu servo, Senhor, que a ti se confessa, a ideia de encontrar a felicidade não importa em que alegria! 
S. Agostinho, 354-430, teólogo e filósofo do cristianismo, Confissões

A felicidade é uma alegria que não é concedida aos ímpios, mas àqueles que te servem por puro amor: tu és essa alegria! Alegrarmo-nos de ti, em ti e por ti: isso é a felicidade. E não há outra. 
S. Agostinho, 354-430, teólogo e filósofo do cristianismo, Confissões





A FELICIDADE COMO LAZER, COMER E ATÉ IGNORÂNCIA

O Eclesiastes é um texto religioso bastante atípico no quadro do cristianismo. Ele reflecte uma certa visão popular antiga: a da felicidade como lazer, comer, beber e alguma ignorância.

Compreendi que o belo e bom é comer e beber, e sentirmo-nos felizes com o que se tem de fazer debaixo do Sol, nos breves dias de vida que Deus concede ao homem. Esta é a sua sorte.
Bíblia, Eclesiastes

Não queiras ser excessivamente justo nem demasiado sábio: para quê arruinares-te?
Bíblia, Eclesiastes

Mais vale um punhado de lazer, que duas mãos cheias de esforço a correr atrás do vento.
Bíblia, Eclesiastes

Na muita sabedoria há muita arrelia, e o que aumenta o conhecimento, aumenta o sofrimento.

Bíblia, Eclesiastes








Fonte: http://www.meaningsoflife.com/Filosofias-de-vida.htm


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