"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”,
Fernando Pessoa.
A partir do momento que nos conscientizamos que as mudanças necessárias para o encontro com a felicidade estão dentro de nós, algo milagroso começa a acontecer. Mas apenas a conscientização desse fato não nos conduz à felicidade.
Decidimos concentrar nossos esforços em nós mesmos, e inevitavelmente nos deparamos com algo que está além de nós, de nossos limites.
A partir do surgimento do novo sentimento, da sensação de potência, de capacidade de mudança, reconhecemos nossa identidade e autonomia no controle de nossas vidas, mas de repente, quando olhamos de frente para ela, nos deparamos com nossas limitações.
Como lidar com a colheita daquilo que semeamos tempos atrás, ou mesmo em outras vidas? Como lidar com o inevitável? É chegada a hora de explorar nossos corações à procura de respostas e de mudanças efetivas, ao mesmo tempo que precisamos começar a aprender a semear uma nova vida a partir da consciência.
Existem algumas pessoas que acreditam que a felicidade se baseia na ausência de problemas e dificuldades, que somente podemos ser felizes em um mundo idealizado e perfeito.
Parece que somos educados no sentido de aprender que a vida deve ser feita apenas de coisas boas, que a dificuldades não fazem parte dela.
Não. Enquanto não entendermos que a dor e o sofrimento fazem parte da vida, enquanto não aceitarmos essa realidade, não atingiremos um estado de felicidade.
E mais. Enquanto não olharmos de frente para esses mesmos problemas e os encararmos com realidade, não conseguiremos nos libertar do sofrimento e da dor que eles nos acarretam.
Muitas vezes, na vida, enfrentamos problemas cuja resolução escapam de nosso controle, e nos sentimos impotentes diante de diversas situações. Mas por que resistimos tanto em aceitar a impermanência das coisas? Por que é tão difícil aceitar a nossa dor? Por que não conseguimos deixar de sofrer?
A vida sempre nos traz, e sempre nos trará obstáculos que devemos ultrapassar, e mesmo sabendo desse fato, que é inexorável, continuamos com a triste tendência a fantasiá-la, como se fosse possível vivê-la sem experimentar a dor.
A dor e o sofrimento fazem parte da vida, bem como o prazer e a alegria. Mas enquanto não aceitarmos essa realidade, como podemos aceitar a vida? Todos, sem exceção, somos limitados, e é por isso que ainda precisamos da dor para expandirmos nossa compreensão, nossa compaixão, nossa consciência.
A dor faz parte da vida! É preciso parar de fugir dessa realidade e aprendermos a enfrentar nossos problemas com os pés bem firmes no chão. Se pudermos transformar nossa atitude diante da vida, certamente conseguiremos encarar o sofrimento e a dor de outra forma.
É importante sair da anestesia, parar de se drogar, de beber, de fazer compras compulsivas, de jogar, de "fingir que não é conosco", tudo em nome da fuga da realidade do sofrimento que é inerente à vida. Uma boa maneira de compreendê-la, é tentar entender seu próprio ciclo de vida, morte e renascimento que o carma nos traz.
Quando nos encontramos no olho do furacão, ou seja, quando algo de terrível nos acontece, é como se perdêssemos o chão, não conseguimos elaborar nossos sentimentos, nos sentimos confusos e perdidos em um mar de lamentações.
Experimentamos a revolta e a raiva, mas quando conseguimos enfim, olhar para o problema de forma mais racionalizada, quando olhamos para fora de nós e percebemos que não somos os únicos a sofrer e principalmente, quando nos conscientizamos que o sofrimento faz parte da vida de todos nós, saímos da posição de vítimas, de únicos sofredores, e milagrosamente algo dentro de nós começa a acontecer e o sofrimento diminui.
Todos estamos envolvidos na cadeia cármica, todos estamos encarnados e como seres encarnados que somos, sofremos. Nossa alma é prisioneira desse corpo e padece dentro dele para se desenvolver. Assim como você, todos os nossos irmãos planetários, em todos os países, estão sofrendo. Seja através da guerra, da doença, da fome, do frio ou das perdas.
E é por isso que, mais uma vez eu peço a sua reflexão e a abertura interior da possibilidade de olhar para o sofrimento com outros olhos e da tentativa de mudança dessa atitude diante da vida.
O sofrimento e a dor, sejam eles oriundos de qualquer causa, que infelizmente nós mesmos colocamos em ação, fazem parte da vida, e sem o acolhimento e o reconhecimento da dor e do sofrimento como parte integrante e inerente ao nosso crescimento, decididamente nunca seremos felizes!
"Transforma as pedras que você tropeça nas pedras da sua escada".
- Sócrates -
"Toda a dor quer ser contemplada, senão não será sentida. "
ResponderExcluirBeijo.
Pelo Amor ou pela Dor ... é o título de um livro, mas é também a única forma de evoluirmos.
ResponderExcluirAs mudanças são necessárias porque nos obrigam a tomar decisões, a agir. Quem opta pela estagnação e se excede na auto-piedade não alcança essa meta, a evolução espiritual.
É preciso enfrentar, é preciso ter coragem e Fé, sobretudo.
Eu estou nesse caminho. Me reinventando, buscando respostas dentro e não fora de mim como outrora.
Belo post.
Parabéns.
Beijo meu.
Angel.