"Se não posso dar conta de tudo, assumo só o
que me cabe"
Por : Francine Lima
Foi preciso perder uma pessoa muito querida, no ano passado, para descobrir o que eu custei a entender: nem tudo depende de mim.
No auge do medo da perda, é claro que a gente dobra a disposição para fazer tudo que parece estar ao alcance. Telefona para o médico toda hora, procura especialista em outra cidade, pesquisa terapias alternativas, inventa as próprias soluções, pede ajuda aos parentes, reza para todos os santos, troca informações em redes sociais, discute com os enfermeiros... Mas acontece de chegar o momento em que nada mais resolve. O momento da temida e dura entrega, da aceitação de que o poder já não está conosco – se é que esteve algum dia.
De lá para cá, tenho estado mais atenta ao que eu não posso mudar. Percebi que minha irritabilidade, antes constante, se devia em grande parte à mania de querer manter tudo sob controle. Sob o meu controle. Eu achava que era assim que eu tinha de agir: antecipando todos os problemas que tinham chance de acontecer, me precavendo, criando regras para tudo funcionar. E o mais grave é que eu acreditava que antes de tudo tinha de controlar a mim mesma. Vivia como um soldado obediente ao general, mas ambos eram eu. Como quase nada saía como previsto, estava sempre me irritando com os resultados imperfeitos. Chato e desnecessário, hoje sei.
Decidi que muita coisa não está e não deve estar sob as minhas ordens. Relaxei. Passei a saber que não preciso ter tempo para fazer tanta coisa, já que o dia tem 24 horas e não existe mesmo tempo para todas as coisas que eu costumava achar que tinha de fazer. Desconfio que é mais importante dar-me menos coisas para fazer – para ter mais o que fazer com as coisas que já tenho.
Era comum eu partir para a briga antes mesmo de o conflito surgir: eu o antecipava. Achava que brigando conseguiria o que me era de direito. Fracassei. Hoje estou experimentando aceitar algumas derrotas, depois entender melhor o adversário para então mudar as estratégias de defesa e ataque. Já sei que não vou ganhar sempre, e já não me maltrato tanto por isso.
Se sei que não vou ganhar, poupo energia e evito brigar à toa. Exercito a paciência. Convenço-me de que, desta vez, o resultado não depende de mim. E reservo disposição para o que só eu posso fazer. E é aí que está o ganho no que parece ser uma perda: poder fazer o que a gente realmente deve, porque não perdeu tempo com o que não precisava.
Sabe aquela propaganda que mostrava várias coisas que “não têm preço”, e que para todas as outras você tinha o cartão de crédito tal? Pego emprestado o argumento para expor o meu. Convencer a loja de móveis planejados a entregar a mercadoria no prazo prometido? Não depende de mim. Acordar muito-cedo-e-sem-dor-de-cabeça na sexta-feira para fazer exercícios tendo trabalhado muito e dormido pouco a semana toda? Não depende de mim. Para todas as coisas que dependem de mim, posso e devo usar toda a minha disposição, a minha disciplina e minha vontade de me aperfeiçoar.
Uma delas é, em parte, minha saúde. Há aspectos da minha saúde que sou eu que controlo, e outros que talvez um dia eu descubra que fogem completamente ao meu poder, como aconteceu com aquela pessoa que foi embora. Eu posso controlar minha alimentação, então me dedico a fazer compras cuidadosas toda semana e a preparar algumas receitas com antecedência para ter comida saudável e gostosa em casa sempre. Enquanto sou relativamente jovem, posso controlar minha postura e a dureza da minha musculatura estando atenta aos meus movimentos e praticando os exercícios certos regularmente. Também posso controlar o meu descanso, dosando minhas atividades com minhas horas de sono e relaxamento, então procuro equilibrar minha agenda para não exagerar nem deEu acredito, hoje, que o estresse vem antes de tudo da confusão que fazemos do que depende e do que não depende de nós. Gastamos tubos de energia nos dedicando ao que não podemos controlar, e deixamos de lado muitas coisas que só funcionam se assumirmos a responsabilidade sobre elas. Eu convido você a refletir sobre as responsabilidades que anda assumindo e o peso que anda carregando nas costas. Esse peso todo lhe pertence, ou está na hora de se livrar de algumas tralhas? Tudo que lhe pertence está aí, seguro no seu colo, ou alguma coisa importante foi abandonada? Procure descobrir o que depende só de você, e assuma a solução. Meu palpite: será um alívio.
Oi, Rejane
ResponderExcluirEsse texto da Francine Lima é uma verdadeira aula de vida. Se não me engano, ela é blogueira da Época, e se não me engano mais ainda já postei esse texto que considero fantástico.
Beijos, minha linda. E um ótimo fim de semana, com todo o carinho do mundo!
Oi, Rejane
ResponderExcluirEntão a lembrança serviu pra mim também, pois às vezes me esqueço e só coloco o nome do autor. Eu acho que já é suficiente.
Sou bibliotecária e pelo que entendo de "direitos autorais", o nome do autor já é suficiente. Estava colocando no "link de postagem", aquele que vem logo abaixo do título, o endereço do site de onde eztraio determinado artigo. Se você quiser ver, dê uma passada nos títulos dos meus posts(somente aqueles que são artigos) e daí você cairá direto no local de onde retirei o texto. Mas já estou abandonando essa ideia, pois já criou uma série confusões para os que vão fazer referência ao meu blog.
Acho que não estamos infringindo nada, a partir do momento em que não assinamos nosso nome embaixo desse ou daquele artigo de outrem! Beijos mil!