"Vença a si mesmo e terá vencido o seu próprio adversário." (Provérbio japonês)



“Presos ou soltos, nós, seres humanos, somos muito cegos e sós. Quase nunca conseguimos transcender os nossos estreitos limites para enxergar os outros e a nós mesmos sem projetar o nosso próprio vulto na face alheia e a cara dos outros na nossa.”

Visite meu arquivo .

Pesquisar este blog

sexta-feira, 25 de março de 2011

Não somos o avesso do jovem que fomos .


"Um dia descobrimos que não nos transformamos em quem sonhávamos ser e isso não tem nada de errado... "



Por Hilda Lucas


A juventude é uma vertigem. As cartas ainda não foram dadas, os dados não foram lançados. O leque das possibilidades é imenso e sedutor. Somos fortes, belos e não temos medo da morte por isso sonhamos o impossível, o improvável e o utópico. Benditos sejam os dias e os anos da nossa juventude: eles nos dão uma dimensão de poder e invulnerabilidade que nunca mais teremos.

Eternos sempre serão os dias e os anos da nossa juventude porque o tempo não existia. Tínhamos tanto tempo que desperdiçávamos ou desdenhávamos das horas como se elas fossem inesgotáveis.

O tempo não era contado muito pelo contrário, na nossa avidez de tudo sentir e viver, queríamos que ele voasse. As horas não eram preciosas pois não eram raras, nem caras. Intactos sempre serão os dias da nossa juventude: só então fomos eternos.

Às vezes nos lembramos daquela arrogância maravilhosa e sentimos saudade da experiência da plenitude bruta e gratuita, do vigor físico e do idealismo heróico. No entanto, não conheço nenhum "adulto" razoavelmente bem resolvido que quisesse voltar a ser jovem - a não ser ter "juntas e vista" de jovem como diria João Ubaldo.

 Descobrimos que se não somos especiais como pensávamos ser isso não é triste nem nos transforma em perdedores. É só vida real. Descobrimos que se não somos geniais ou revolucionários somos nossos próprios heróis. Descobrimos que não transformamos o mundo mas tocamos pessoas. Descobrimos que o possível é mais complexo que o impossível porque o possível está à nossa frente não no mundo das idéias. Descobrimos que o projeto de paz mundial não é viável sem paz interior. Descobrimos que mesmo sem prêmios nóbeis, fortuna ou fama nos realizamos em profissões e atividades comuns e isso não tem nada a ver com mediocridade.

Não somos o avesso do jovem que fomos: somos quem pudemos ser e se fazemos o nosso melhor, se lutamos com coragem nossas pequenas lutas, se defendemos com dignidade nossas bandeiras, se amamos com generosidade nossos amigos, pais e filhos, se respeitamos nossos semelhantes e a nós mesmos somos com certeza especiais, de um jeito muito real.

Um dia descobrimos com serena maturidade que não nos transformamos em quem sonhamos ser na juventude mas em alguém muito melhor.






Hilda Lucas
Escritora, retrata bem as alegrias e angústias das mulheres diante de um mundo complexo e fascinante.



3 comentários:

  1. Que texto, heim amiga? Somos quem pudemos ser dentro das nossas condições, das nossas limitações. Se fomos amor, fomos tudo. Beijos.

    ResponderExcluir
  2. (Os poetas)

    Seres de sangues incoaguláveis, de feridas abertas e incuráveis, seres que precisam sentir em dobro para traduzir o que outros sentem, esses são os poetas. Poetas não nascem para ter, nascem para sentir falta.

    ResponderExcluir
  3. Olá minha!!! querida que texto maravilhoso!!
    obrigada.
    é sempre uma alegria recebe-la.
    que seus dias sejam de muito amor.
    bjuz

    ResponderExcluir

Muito obrigada pela visita.
Volte sempre!!
Rejane

Textos no arquivo :

"Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma... Todo o universo conspira a seu favor!" - Goethe "Sou sempre eu mesma,mas com certeza não serei a mesma para sempre!" Clarice Lispector

Mudanças


"Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma... Todo o universo conspira a seu favor!" - Goethe





"Sou sempre eu mesma,mas com certeza não serei a mesma para sempre!"



Clarice Lispector