Por: Izabel Telles
Não existe nada neste mundo feito pelos homens que não tenha sido antes uma criação da mente.
Tudo que somos, que atraímos, que vivenciamos, que pensamos nada mais é do que respostas à nossa mente. Nisto reside o nosso poder.
Por isso que venho insistindo há muitos anos com você, caro leitor, cara leitora, que nos acompanha nesta jornada de crescimento e alargamento da nossa consciência, que vigie a sua mente com a atenção de quem zela por um bebezinho.
Não descuide um momento sequer. Observe atentamente a tudo aquilo que você tem atraído para a sua vida. E leia nestes efeitos o caráter da sua mente.
Troque todos os seus pensamentos obsessivos-negativos por pensamentos obsessivos-positivos. E se voltar a falhar, corrija, tente mais uma vez: sem críticas ou punições.
Tente ser melhor, a m o r o s a m e n t e.
Não permita, um só segundo, que sua mente fique sem comandos. Ela não sabe o que faz. E pensa que tudo o que faz faz pelo seu bem.
Não que a mente seja nossa inimiga. De jeito nenhum. Ela é o motor da nossa existência. Ela faz tudo o que pode para nos manter vivos. Ela tem sempre um final feliz para os nossos padrões. Mesmo que este final feliz seja uma imagem que ela criou com sua magnífica capacidade de imaginar.
Posso dar um exemplo para que você entenda o que estou a dizer?
Imagine que uma pessoa, Sra. X, passa seus dias repetindo:
- Todo mundo é malandro. Todos querem me roubar. Vamos ver qual o malandro que me aparece hoje para me dar mais um golpe.
O que você acha que vai acontecer?
É como se ela estivesse numa floresta com uma armadilha montada esperando o primeiro coelho passar para o prender na sua armadilha. Ela está atraindo o coelho, pedindo para Deus mandar um coelho bem gordo para ela. E a mente dela vai vibrar, vibrar, vibrar a energia que atrai a mente do coelho e.... mais dia, menos dia, um coelho vai aparecer e ela vai capturar este coelho para ela. E sofrer o bem e o mal que isso vai trazer.
A mente funciona como uma teia de aranha. Já observou uma? A aranha vai construindo fio a fio sua trama. Pacientemente cola com seu gel natural os filamentos formando uma perfeita mandala. E, um dia, quando a teia está pronta ela fica bem no centro espreitando os vôos dos insetos. Ela sabe que irá atrair para a sua teia invisível um deles. E pode apostar: não demora muito e lá estará uma mosca se debatendo, tentando escapar do inexorável.
Nossa mente é igualzinha. Ela vai tecendo dia-a-dia as imagens que qualificam as nossas emoções. Vai construindo nossa rede de padrões e crenças e vai acumulando energia nestas imagens. Elas ficam tão vividas, tão fortes, tão poderosas que explodem cá pra fora criando então a revelação destas imagens. Dando forma e força para os padrões que nós nos impusemos por educação, por imitação, por instinto. Pouco importa. O que importa é que a cada momento nos vemos presos a estes comportamentos aqui fora no mundo. E o que acontece?
Passamos a buscar imediatamente os culpados. Quem foi? Qual é o malandro que vem me roubar agora? Saiba que este malandro foi criado pela sua mente e que ela tudo fará para atrair algo semelhante no mundo feito por todos nós.
A escolha é sua.
A mente é apenas uma procissão de pensamentos passando na sua frente na tela do cérebro. Você é um observador. Mas você começa a ficar identificado com coisas belas - essas são seduções. E uma vez que você fica agarrado nas coisas belas você também fica agarrado nas coisas feias porque a mente não pode existir sem a dualidade.
Basta tentar de vez em quando: Deixe a mente ser o que quer que seja. Lembre-se, você não é a mente. E você terá uma grande surpresa. No dia que você estiver completamente desidentificado da mente, mesmo por um simples momento, há uma revelação: a mente simplesmente morre; ela não está mais presente. E com o desaparecimento da mente desaparece o eu. E tantas coisas desaparecem as quais eram tão importantes para você, coisas tão perturbadoras para você. Você esteve tentando resolvê-las e elas estavam ficando cada vez mais complicadas, tudo era um problema, uma ansiedade, e parecia que não havia nenhuma saída.
O mestre diz ao discípulo para meditar sobre um koan: Um pequeno ganso é colocado dentro de uma garrafa, e depois alimentado e nutrido. O ganso vai ficando cada vez maior e maior, e preenche toda a garrafa. Agora ele está muito grande; ele não pode sair pela boca da garrafa - a boca é muito pequena. E o koan é que você tem que retirar o ganso sem destruir a garrafa, sem matar o ganso.
O que você pode fazer? O ganso é muito grande; você não pode retirá-lo a menos que quebre a garrafa, mas isso não é permitido. Ou você retira matando-o, assim você não se importa se ele sai vivo ou morto. Isso também não é permitido.
Dia após dia, o discípulo medita, não encontra nenhuma maneira, pensa desse jeito e daquele jeito - mas de fato não tem jeito. Cansado, completamente exaurido, uma revelação repentina...Subitamente ele compreende que o mestre não pode estar interessado na garrafa e no ganso; eles devem representar algo mais. A garrafa é a mente, você é o ganso... e com o testemunhar, isso é possível. Sem estar na mente, você pode ficar tão identificado com ela que você começa a sentir que você está nela!
Ele corre para o mestre para dizer que o ganso está fora. E o mestre diz, "Você compreendeu isso. Agora o conserve fora. Ele nunca esteve dentro". Assim não surge à questão de trazê-lo para fora.
A consciência é o ganso que não está dentro da garrafa da mente. Porém, você está acreditando que ela está dentro da garrafa e perguntando a todo mundo como tirá-la de lá. E existem idiotas que irão lhe ajudar, com técnicas, para retirá-la da garrafa.
Consciência é não-dual e a mente é dual. Então apenas observe. Não lhe ensino algumas soluções. Eu lhe ensino a solução: Basta recuar um pouco e observar. Crie uma distância entre você e sua mente.
Seja isso bom, belo, delicioso, algo que você gostaria de desfrutar intimamente ou que seja feio - permaneça tão longe quanto possível. Veja isso como se você estivesse vendo um filme...
Seja isso bom, belo, delicioso, algo que você gostaria de desfrutar intimamente ou que seja feio - permaneça tão longe quanto possível. Veja isso como se você estivesse vendo um filme...
Identificação é a causa raiz da sua miséria. E toda identificação é identificação com a mente. Apenas dê um passo para o lado e deixe a mente passar. E logo você será capaz de ver de que não há nenhum problema - o ganso está fora. Você não precisa quebrar a garrafa, nem precisa matar o ganso.
Osho; Beyond Psychology
Grata por tudo isto Rejane.
ResponderExcluirMuito obrigada!
Beijinhos