Tempo de travessia.

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos" 

 Fernando Pessoa


Quando o amor torna-se vicio

Em nossa infância aprendemos muito sobre o amor, a aceitação e o respeito.

Antes mesmo de nossa infância, aprendemos ainda na vida uterina, o que é receber.

Nesse momento estamos completamente dependentes, de alimento físico e de cuidados com nossa saúde. Nosso emocional está completamente nas mãos de nossos pais, sendo ainda mais, de nossa mãe, uma vez que ela que nos carrega.E é ela quem termina tendo que ter o balanço certo das emoções, afim de não deixar que sentimentos negativos nos atinjam.

Nascemos e continuamos dependentes. Demoramos a aprender a respirar corretamente, sugar da forma certa, sofremos por não conseguirmos expressar verbalmente a dor que sentimos, quando estamos com cólicas ou outra dor. Mas nos comunicamos mesmo assim, através do choro.

Crescemos e vamos aprendendo que além de receber, podemos dar.

Observamos que muitas vezes esse ato de se doar, em amor, em carinho, em atenção é muitas vezes um alimento a dois. Você oferece amor, e sente-se bem por isso. Você dar carinho, e sente-se bem em dar.

Um pouco mais a frente, aprendemos que algumas pessoas não sabem dar. Aprenderam ao longo da vida, a apenas, receber. E passamos a ter um pouco mais de dificuldade em nos relacionar com pessoas com essa característica. No entanto, quando crescemos um tiquinho mais, entendemos, que é possível dar mesmo sem receber. No entanto, esse tipo de relação não é  interessante ter-se aos montes, afinal, não edifica muito.

O que acontece é que essas pessoas ficaram viciadas em receber, tornaram-se dependentes do amor do outro, quando que na verdade, conscientemente ou não, algumas dessas pessoas não conseguem se aceitar, se amar, e por isso mesmo, não conseguem dar amor. É como diz o ditado popular – “a gente só dá o que tem”.

Algumas pessoas viciadas em amor, não conseguem se quer comunicar da forma correta sua necessidade, e assim como o bebê que ainda não adquiriu a linguagem, chora e faz cena pra chamar atenção do objeto de desejo – seja algum familiar, namorada, amigos.

Tornam-se pessoas imaturas emocionalmente. E quem atende ao seu chamado, termina alimentando o vício, além de privar a pessoa de um desenvolvimento da sua inteligência emocional.

Por isso, se você ao ler esse texto lembrou de alguém, fique em alerta! Cuidado para não se deixar dominar inconscientemente pelo medo ou culpa na hora de  atender os desejos dessa pessoa, que em boa parte dos casos quer parecer ser auto-suficiente, quando na verdade é frágil emocionalmente.

Amar, é libertar! Amar é respeitar. Amar é permitir o crescimento do outro.

Sendo assim, lembre-se que o jogo do manipulador pode ser bem sedutor, e deixar seu coração partido. Nessa hora, uma dica boa é fazer o máximo para conseguir ser racional, não alimentando o vício, permitindo que a pessoa saia do lugar que está e busque ser alguém ativo do amor, ao invés de refém do amor.

Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro.

 Carl Jung.