Porque meu
silêncio ...
Padre Fábio de Melo
Na
palavra, a comunicação se realiza. No silêncio, ela se completa. Pois a
compreensão se concretiza a partir do silêncio. Há poder em ambos e a sabedoria
é usar bem esses dois tempos da comunicação. Dentro de uma composição as pausas
são tão importantes quanto os sons. Uma boa orquestra é aquela que executa bem
as dinâmicas das pausas e das continuidades. Mesmo no silêncio da pausa a
canção continua. Não diga as coisas com pressa. Mais vale um silêncio certo,
que uma palavra errada. O poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade recomendava
aos poetas "Convive com os teus poemas antes de escrevê-los.Tem paciência,
se obscuros. Calma, se te provocam. Espera que cada um se realize e consuma com
seu poder de palavra e seu poder de silêncio." A recomendação do poeta é
sábia e pertinente. Um poema só é bem, só é bom, se maturado na sementeira do
silêncio. Antes de se tornar palavra, a poesia é experiência de vida
silenciosa. Os artistas sabem disso, e nós precisamos aprender. Demora naquilo que
você precisa dizer. Livre-se da pressa de querer dar ordens ao mundo. É mais
fácil a gente se arrepender de uma palavra dita, do que de um silêncio. Palavra
errada na hora errada pode se transformar em ferida naquele que ouviu, também
naquele que disse. Há muitos momentos da vida em que o silêncio é a resposta
mais sábia que nós podemos dar a alguém. Na pressa de falar, corremos o risco
de dizer o que não queremos, e diante de tudo que foi dito, nem sempre temos a
possibilidade de consertar o erro Palavras erradas costumam machucar para resto
da vida, já o silêncio certo, esses possuem o dom de consertar. Por isso,
prepara bem a palavra que será dita. Palavras apressadas não combinam com
sabedoria. Os sábios sempre preferem o silêncio. E nos seus poucos dizeres está
condensada uma fonte inesgotável de sabedoria. Não caia na tentação do discurso
banal, da explicação simplória. Queira a profundidade da fala que nos pede
calma. Calma para dizer. Calma para ouvir Uma regra interessante para que
tenhamos uma boa compreensão de um texto, é justamente a calma. Só assim
podemos adentrar nos significados que o autor quis sugerir e conseqüentemente
mergulhar no mistério do seu texto. Leituras apressadas podem fomentar
equívocos, e equívoco é uma espécie de desentendimento entre o que escreve e
aquele que lê. É uma forma de obstáculo para a compreensão da linguagem Na
comunicação verbal cotidiana, isso sempre acontece. Dizemos, e não somos
compreendidos. Diante do impasse duas realidades são possíveis: ou alguém disse
com pressa, ou alguém escutou sem atenção. Dizer e ouvir requerem silêncio. Só
diz bem, aquele que pensou antes no que iria dizer, e ouve melhor aquele que se
calou para escutar. A regra é simples, mas exigente. Por isso hoje, nesse tempo
de palavras muitas, queiramos a beleza dos silêncios poucos.
Bom dia, Rê!
ResponderExcluirInspiradíssima, não minha amiga??
Que show esse vídeo, profunda verdade revelada pelas palavras fortes, até "impiedosas" - aparentemente...
O texto do Padre Fábio é outra contundente lucidez: falar e ouvir requerem silêncio, anterior à fala, concomitante ao ouvir. Nem sempre fazemos isso, e sabemos que não fazemos, já cobrar do outro a escuta - e entendimento!...........
Ótima semana, bjo e parabéns pelo capricho destes blogs...coisa linda de se ver!!
As palavras e as pedras depois de atiradas já não voltam .
ResponderExcluirBeijo.