Por Patricia Gebrim
A vida, como você bem sabe, por melhor ou mais equilibrada que seja,
sempre nos brinda com momentos de desafio. Momentos em que a paisagem
ao nosso
redor não é tão bonita, o clima não é tão ameno... bem... acho que
você pode imaginar do que estou falando!
Mas hoje eu quero dizer a você, leitor, que como se não bastasse
termos que lidar com esses desafios externos, temos ainda que lidar
com um outro desafio, talvez não tão evidente, um desafio que vem de
dentro de nós, e que muitas vezes se esconde em nossas profundezas de
maneira tão disfarçada que mal o reconhecemos. Estou falando do
sabotador interno.
Talvez você nunca tenha ouvido falar em algo assim, talvez até pareça
maluco isso de que estamos falando. Como assim? "SABOTADOR INTERNO???"
Para ajudar você a entender isso, sugiro que você pense em quantas
vezes na vida você quis algo, conscientemente, mas sem perceber acabou
fazendo algo que ia exatamente contra aquilo que queria. Pensou?
Ok... vou dar alguns exemplos:
Pense naquelas vezes em que, apesar de saber que está acima do peso e
querer recuperar sua saúde emagrecendo uns quilos, você atacou o prato
de batatas fritas ou o bolo de chocolate.
Pense nas vezes em que você queria conquistar um emprego, mas na
entrevista ficou simplesmente mudo e não conseguiu mostrar nem 20% da
sua capacidade.
Pense nas vezes em que você tentou se controlar, mas acabou tendo uma
explosão de raiva no lugar e no momento inadequado.
O que quero dizer é que existem muitas partes de nós mesmos. E que nem
sempre elas estão em acordo. E que uma dessas partes, o sabotador
interno, definitivamente não está ao nosso lado. Ele se esconde, nos
engana, e sempre que pode tira o tapete de nossos pés.
Esse sabotador existe porque ainda temos muitas crenças distorcidas,
que trazemos de nossa infância. Essas crenças foram construídas a
partir da maneira como, lá atrás, achamos que funcionava o mundo ao
nosso redor.
Quando crianças, muitas vezes acabamos acreditando que não merecíamos
ser amados, valorizados, reconhecidos. .. e por aí vai. Nos sentimos
tantas vezes
"maus", nos sentimos tantas vezes "falhos", "errados",
"imperfeitos" ... que uma parte de nós acabou achando que não
merecemos agora receber o que a vida
tem de belo e bom. Essa parte acredita que merecemos sofrer, e
gentilmente nos ajuda a ir nessa direção, estragando nossos planos
mais belos, pisando
sobre nosso amor e rindo de nossas tentativas de crescimento.
O que ele quer de mim afinal?
Acredite ou não, ele é seu servo. Esse sabotador serve você fazendo
com que as suas crenças se tornem reais. Mais ou menos assim...
(Você pensando) "Que droga, eu não consigo acertar nunca... nada dá
certo para mim!"
(O Sabotador) " Ok, meu amo e senhor ... assim seja!"- e faz você ir
para a sua prova e simplesmente esquecer tudo, tudinho. Ele é tão bom
que torna sua mente um grande e silencioso branco!
(Você, (que foi muito mal na prova) "Está vendo... eu não dou certo
mesmo!"
(Ele, com um sorriso...) "Missão cumprida!"
Ele existe, E FOI VOCÊ QUEM O CRIOU!!!! Logo, não adianta querer matá-
lo, ou expulsá-lo... ele é parte de você, lembra?
Logo, se em sua vida estiverem acontecendo muitos atos de
autosabotagem, você precisa rever suas crenças a seu próprio respeito.
Precisa fazer um trabalho de autoconhecimento, jogar fora aquilo em
que já não acredita mais, construir uma nova visão a seu próprio
respeito. Precisa aprender a ver a si próprio como uma pessoa
merecedora de todas as coisas boas que a vida tem a oferecer. Precisa
confiar mais em você mesmo, na sua capacidade de criar uma vida mais
harmoniosa.
Nós somos os criadores de nossa vida. Podemos criar nossa vida a
partir da luz clara da nossa consciência; ou podemos criar a nossa
vida a partir dos atos inconscientes desse sabotador interno. E quando
é assim que acontece, quando criamos inconscientemente, acabamos
achando que não fomos nós que fizemos aquilo, acabamos tendo a
tendência de nos sentir vítimas da vida ou de alguém.
É preciso mudar, libertar-se. A hora é agora! Pegue uma lanterna,
proteja-se com o manto da verdade e embarque nessa busca sagrada pelo
seu sabotador.
Ele mora nas suas profundezas. E quando o encontrar, batam um longo
papo.
Conte a ele a nova pessoa que você é agora e dê a ele outra função em
sua vida. Vai ser um alívio... para ele e para você!
Para o pequeno sabotador interno
Venho por meio desta manifestar o meu repúdio pelo seu recente comportamento. Você estragou tudo, mais uma vez.Quando me aprontava para sair, disse que eu estava feia. Quando experimentei outra roupa, insinuou que eu já não tinha idade para usar aquilo. Quando cheguei ao meu compromisso, não me deixou falar o que eu havia pensado. E, no final, ainda conseguiu me fazer ser grossa, apressando as despedidas.Ora, quando você irá crescer? Cansei da sua irresponsabilidade. Compreenda, de uma vez por todas, que estamos no mesmo barco. Se afundo, você vai junto - será que esta metáfora não está óbvia o suficiente?Não me venha, portanto,com argumentos de homem-bomba. Se você discorda de mim tanto assim, por que não vai embora daqui de dentro? Abaixe esse punhal, apontado para as minhas costas, e cave com ele um túnel de fuga se for necessário. Não podemos é continuar desse jeito, nessa burra relação autodestrutiva, em que o conteúdo fura a própria embalagem.Até quando você me elogia é com o intuito de me derrubar, já percebeu? Faz com que me acredite linda e sagaz para, no instante seguinte, rir dos meus tropeços. Dizendo "não falei?", com aquela sua cara de madrasta. Torpedeando minhas forças ainda durante os planos de ataque. Minando meus passos ao pisá-los comigo.Chega, então. Paremos com isso, antes que acabe em tragédia. Antes que, na falta de um gesto meu, por você evitado, eu desabe em escombros. Quero, mais do que nunca, me arrepender depois do que digo e do que faço. Abro mão, com alegria, de todos os seus péssimos sábios conselhos. A vida é curta demais para tamanha precaução e longa demais para se repetir os mesmos erros.Sim, cheguei a me divertir em sua companhia, quando ainda conseguia ver algum charme no insucesso. Tempos passados. Hoje, luto com unhas e dentes para que tudo dê certo. E das suas idéias, sempre cheias de lógico pessimismo, preciso distância.Não pretendo, porém, uma separação litigiosa, pois sei que você conhece todos os meus pontos fracos e aguarda apenas uma boa oportunidade para atingi-los. Com suas observações de última hora, mortalmente precisas. Proponho, isto sim, um cessar-fogo: você deixa de me dar conselhos e eu imediatamente deixo de segui-los. Parece-me uma trégua justa.Não te desejo mal — entendo que você fez o que tinha de fazer, muitas vezes com a minha velada cumplicidade. Mas estou pronta a ir até o fim nessa luta, a tirar você de mim quanto antes. Saiba que, a partir de hoje, você está como imigrante ilegal aí dentro. E pode até conseguir fugir por um tempo, escondendo-se em subterfúgios. Seus dias de impunidade, entretanto, estão contados.Se você não me atrapalhar, é claro.
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Rejane