"Me fiz em mil pedaços
Pra você juntar
E queria sempre achar
Explicação pro que eu sentia.
Como um anjo caído
Fiz questão de esquecer
Que mentir pra si mesmo
É sempre a pior mentira."
Trecho da música " Quase sem querer" de Renato Russo
"Sabe quando o esforço é maior que o tamanho do salto de seu sapato e você tropeça, na tentativa de parecer uma pessoa fantástica e sem um pingo de carência? Sabe aquela pose de fatal, absoluta, resolvida? Sabe aquela coleção de conquistas? Sabe aquela postura doce, angelical? Sabe aquela maturidade para aceitar o não e dizer o sim, sem um pingo de constrangimento? Sabe aquele monte de coisas que faz de você uma pessoa rara, importante e imprescindível? Sabe aquele velho livro de poemas? Está tudo escrito nele. Naquele bonito perfil que nunca foi usado."
“Sem dúvida, definimos a mentira ideal, e sem dúvida comumente o mentiroso é mais ou menos vítima de sua mentira, ficando meio persuadido por ela: mas essas formas correntes e vulgares da mentira são também adulteradas, intermediárias entre mentira e má-fé. A mentira é conduta de transcendência. Pela mentira, a consciência afirma existir por natureza como oculta ao outro, utiliza em proveito próprio a dualidade ontológica do eu e do eu do outro. Não pode dar-se o mesmo no caso da má-fé, se esta, como dissemos, é mentir a si mesmo. Por certo, para quem pratica a má-fé, trata-se de mascarar uma verdade desagradável ou apresentar como verdade um erro agradável. A má-fé tem na aparência, portanto, a estrutura da mentira. Só que - e isso muda tudo - na má-fé eu mesmo escondo a verdade de mim mesmo. Assim, não existe neste caso a dualidade do enganador e do enganado. A má-fé implica por essência, ao contrário, a unidade de uma consciência.”
(“Má-Fé e Mentira.” In: O Ser e o Nada - Ensaio de Ontologia Fenomenológica, por Jean-Paul SARTRE, tradução: Paulo Perdigão, 92-101. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.)
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Rejane