"Vença a si mesmo e terá vencido o seu próprio adversário." (Provérbio japonês)



“Presos ou soltos, nós, seres humanos, somos muito cegos e sós. Quase nunca conseguimos transcender os nossos estreitos limites para enxergar os outros e a nós mesmos sem projetar o nosso próprio vulto na face alheia e a cara dos outros na nossa.”

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terça-feira, 5 de março de 2013

A grande saúde e o sentido trágico da vida.



"Não há um padrão definitivo para um homem saudável e de que o corpo está em permanente combate entre forças. O sinalizador da saúde segundo o filósofo alemão (Nietzsche )  é o desejo de vida, a capacidade de dizer sim à vida, de enfrentar os combates físicos e existências que compõem a dinâmica fundamental."

Verônica Pacheco de Oliveira Azeredo 
Mestre em Estética e Filosofia da Arte

Para Nietzsche, toda interpretação que vise a acalmar, disfarçar, impedir e desqualificar os confrontos corporais pelos quais a natureza se expande e se afirma representa uma distorção da dinâmica fundamental do fenômeno vital. A esses impulsos, naturalmente violentos e cruéis, não cabe nenhum tipo de julgamento de valor, baseado em concepções dicotômicas, pois não há relação entre “mau” e “bom”, resultam, apenas, da vida seguindo seu objetivo: procurar a intensidade e a dominação. “Não cansamos de maravilhar-nos com a ideia de como o corpo humano se tornou possível, como essa coletividade inaudita de seres vivos, todos dependentes e subordinados, mas num outro sentido dominantes e dotados de atividade voluntária, pode viver e crescer enquanto um todo e subsistir algum tempo”1.

Nietzsche parece indicar que o corpo humano é constituído por numerosos seres microscópicos que lutam entre si, em que uns vencem e outros perdem. Os embates, para o filósofo, são próprios da textura vital, é por meio deles que ocorrem as superações, as conquistas, as criações. Retirar a luta do cenário da vida é estagnar o espaço de expansão da própria existência. Onde não há possibilidade de luta entre forças corporais, surge, necessariamente, a fraqueza dos corpos, ou seja, o enfraquecimento e a repressão dos instintos2. A vida fica estagnada e se degenera se não é impelida por um movimento contínuo que lhe é próprio. Esse processo imanente é promovido por várias funções corporais que também se confrontam com o objetivo de manter saudáveis as condições vitais.

Nietzsche defende a valorização dos instintos, do corpo e seus ritmos naturais como os únicos capazes de se orientarem em direção a uma vida potente e vigorosa. A tentativa de atribuir sentido à vida, contrariando e negando sua natureza trágica, caótica e desprovida de certezas e de segurança, promove a degeneração das forças vitais, uma vez que essa tentativa pressupõe o esquecimento de tudo que em nós se caracteriza pela imprecisão, pela indeterminação, pelo movimento. A guerra contra os instintos, contra o corpóreo provoca o enfraquecimento do homem, pois é justamente o combate, o jogo de forças que são fundamentais para a saúde do homem3.
No pensamento nietzschiano, dominar é suportar o contrapeso da força mais fraca, consequentemente, é continuação da luta. Nesse sentido, é possível entender que a paz nunca é instaurada e as hierarquias não são permanentes. A vida é, portanto, um processo de dominação e é com a vontade de potência que ela se aproxima. E como cada ser vivo quer prevalecer sobre o outro, Nietzsche afirma que, o querer não está centralizado no aparelho cerebral, que seria o responsável pelo “querer”, nem tampouco há responsabilidade desse aparelho de produzir o pensar, a vontade e o sentir: “Pressupõe aqui que todo o organismo pensa, todas as formas orgânicas tomam parte no pensar, no sentir, no querer - por conseguinte, o cérebro é, apenas, um enorme aparelho de centralização”4. O querer, o sentir e o pensar estão disseminados em todo o organismo, estão ligados entre si e não há como dissociá-los. Em Para além de bem e mal o filósofo escreve:
Portanto, assim como sentir, aliás muitos tipos de sentir, deve ser tido como ingredientes do querer, do mesmo modo, e em segundo lugar, também o pensar: em todo ato da vontade há um pensamento que comanda; - e não se creia que é possível separar tal pensamento do “querer”, como se então ainda restasse vontade! Em terceiro lugar, a vontade não é apenas um complexo de sentir e pensar, mas sobretudo um afeto: aquele afeto do comando. O que é chamado “livre arbítrio” é, essencialmente, o afeto de superioridade em relação àquele que tem de obedecer: “eu sou livre, ‘ele’ tem de obedecer” 

Phoenix


                                                                       Por: Maine Virginia Carvalho



Como se chama o que renasce das cinzas? 
A mitologia nos apresenta uma ave fabulosa 
que durava muitos séculos e, queimada, 
renascia das próprias cinzas. 

Há variações que acrescentam que, 
além do renascer, essa ave tinha 
a capacidade de pressentir o cheiro de um 
fim, e ia ao seu encontro, jogando-se 
contra o fogo para que se cumprisse 
o seu destino.

Phoenix é o nome da ave.

E humanamente, como chamamos quem 
renasce de si?


Como chamamos quem pressente o cheiro 
de um fim e se lança mortalmente ao encontro 
deste com bravura, dor, coragem, medo, tristeza, lamento, altivez, tontura, com toda sua bagagem, ao encontro do que lhe espera, porque o sabe inevitável e ao inevitável não se pode fugir?


Como chamamos quem sobrevive a si 
para ensinar aos outros que é 
possível renascer?


Como chamamos quem exerce amor 
como prática de vida e morrendo em sua 
sina revive porque o semelhante precisa 
dessa ressurreição?


Como chamamos quem expõe suas dores, 
seus medos, seus temores, com naturalidade 
e sabedoria contumaz porque é assim que tem 
que ser ?
Não sei.

E a Phoenix pousou sobre meu inconsciente.

É que nesse mundo, 
meu feito mais constante é o de observar.

Do que vejo e sinto, escrevo.

Mas por agora, me perdoe, 
não sei denominar.


Não sei nem mesmo como chamar 
esse estado que se adquire, 
essa capacidade, não de sobreviver 
às intempéries, mas de renascer da 
morte dos próprios sonhos.

Mas sei que é possível.

E vejo Phoenix sobrevoando o mundo 
do renascer.


A fábula e a vida real dançando juntas. 
A primeira é a mestra, a segunda a aluna.


E assim como a ave mitológica que tenta 
ensinar a recolher o pó da combustão de 
nossas substâncias essenciais porque será dele 
que virá a nova vida, precisamos ir ao nosso encontro.


Precisamos virar a esquina do pesadelo 
com a consciência clara de que de nossas 
cinzas nos faremos vida e de novo sonho.


Não sei como chamar quem renasce das 
próprias dores e do próprio fim.

E renasce sempre melhor e mais belo.

Mas tenho cá comigo a intuição de que 
se chama GENTE.


E é com essa GENTE que eu quero 
aprender a viver.









Começar De Novo
Ivan Lins

Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Ter me rebelado, ter me debatido
Ter me machucado, ter sobrevivido
Ter virado a mesa, ter me conhecido
Ter virado o barco, ter me socorrido

Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Sem as tuas garras, sempre tão seguras
Sem o teu fantasma, sem tua moldura
Sem tuas escoras, sem o teu domínio
Sem tuas esporas, sem o teu fascínio

Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Sem as tuas garras, sempre tão seguras
Sem o teu fantasma, sem tua moldura
Sem tuas escoras, sem o teu domínio
Sem tuas esporas, sem o teu fascínio

Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena já ter te esquecido.



Embora ninguém possa voltar atrás
e fazer um novo começo, qualquer
um pode começar agora e
fazer um novo fim.
__Chico Xavier_


2 comentários:

  1. Rejane,

    encontrar meu texto Nietzsche a grande saúde e o sentido trágico da vida foi uma grata surpresa. Vê-lo criando asas é muito gratificante.
    Abraços,
    Verônica Pacheco de Oliveira Azeredo

    ResponderExcluir
  2. Olá Verônica,
    Sou eu quem tenho a agradecer por ter a oportunidade de ler e poder compartilhar tão valiosos texto.
    Um grande abraço!!

    Rejane

    ResponderExcluir

Muito obrigada pela visita.
Volte sempre!!
Rejane

Textos no arquivo :

"Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma... Todo o universo conspira a seu favor!" - Goethe "Sou sempre eu mesma,mas com certeza não serei a mesma para sempre!" Clarice Lispector

Mudanças


"Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma... Todo o universo conspira a seu favor!" - Goethe





"Sou sempre eu mesma,mas com certeza não serei a mesma para sempre!"



Clarice Lispector