O mito da perfeição
Para o povo de Adual-Kenan, da região setentrional do
antigo país que já foi conhecido por Al-kashid, Elmoakim, um deus menor,
revelou-se contra o conselho dos antigos e decidiu criar o ser perfeito.
A ideia não agradou a Elzion, sapientíssimo deus do panteão. Todavia deixou que Elmoakim realizasse os seus intentos pois tinha algo para lhe ensinar
A ideia não agradou a Elzion, sapientíssimo deus do panteão. Todavia deixou que Elmoakim realizasse os seus intentos pois tinha algo para lhe ensinar
Traçando no éter o ser que iria criar, Elmoakim animou-o
sem o conhecimento da vileza, da maldade ou qualquer defeito instintivo e
animalesco que sempre caracterizaram os mortais.
A beleza coroava-o e a bondade extremosa era a sua força.
Reza a lenda que depois de lhe dar o nome de Elokai, “prodígio dos deuses”, Eloakim largou-o na terra confiante de que ele iria resgatar os homens dos seus abjectos sentimentos.
A beleza coroava-o e a bondade extremosa era a sua força.
Reza a lenda que depois de lhe dar o nome de Elokai, “prodígio dos deuses”, Eloakim largou-o na terra confiante de que ele iria resgatar os homens dos seus abjectos sentimentos.
Após um breve passeio pelo cosmos, o equivalente a uma
dezena de anos terrestres, Elmoakim decide voltar à terra. Toma a forma humana
e tenta encontrar aquele que criara.
Passeou por entre os homens a fim de ver os frutos do que
semeara. Esperava vê-los a questionar antes de agir. Esperava vê-los a não
desejarem aos outros o que não desejavam para eles.
Esperava vê-los livres para fazer o que quisessem sem que
com isso prejudicassem alguém. Todavia, viu mercadorias serem trocadas
por preços exorbitantes, lutas desleais, enganos, apedrejamentos até à morte,
viu mulheres serem tratadas como animais e crianças a aprenderem a manejar
espadas.
Passando por uma tenda, perguntou a um atarefado
comerciante se conhecia Elokai. O homem pareceu gelar.
Interrompeu o que estava a fazer, aproximou-se e perguntou: “Elokai?”
Depois soltou uma estridente gargalhada. Elmoakim não compreendera a piada. Por isso, manteve-se sério, fazendo com que aquele homem parasse de rir.
Interrompeu o que estava a fazer, aproximou-se e perguntou: “Elokai?”
Depois soltou uma estridente gargalhada. Elmoakim não compreendera a piada. Por isso, manteve-se sério, fazendo com que aquele homem parasse de rir.
“Venha, siga-me.” Disse a seguir, enquanto saía por
detrás de um monte de tapetes e canquilharias de latão amarelado.
Caminharam para os arredores da aldeia em total silêncio. Depois, o comerciante apontou para uma pedra que jazia no chão. Na superfície da lápide poder-se-ia ler: “No esquecimento fica o mais louco dos homens. A fraqueza era a sua força. Pela estupidez morreu”.
Então o comerciante começou a falar:
Caminharam para os arredores da aldeia em total silêncio. Depois, o comerciante apontou para uma pedra que jazia no chão. Na superfície da lápide poder-se-ia ler: “No esquecimento fica o mais louco dos homens. A fraqueza era a sua força. Pela estupidez morreu”.
Então o comerciante começou a falar:
“Que laços o prendiam a esse louco?
Ainda me lembro do dia em que veio para a nossa aldeia. Pobre diabo não viveu entre nós mais do que uma semana. O miserável chorava enquanto caminhava. Perguntaram-lhe por que chorava e ele dizia que era um assassino, por ter pisado um pequeno trilho de formigas.
Ainda me lembro do dia em que veio para a nossa aldeia. Pobre diabo não viveu entre nós mais do que uma semana. O miserável chorava enquanto caminhava. Perguntaram-lhe por que chorava e ele dizia que era um assassino, por ter pisado um pequeno trilho de formigas.
Parecia sofrer punhaladas quando via uma simples galinha
ser degolada para matar a fome a quem o recebeu em casa. Bebia apenas
água e comia os frutos que estavam caídos.
Até o pão rejeitava depois de saber que o trigo era
arrancado da terra.
Num pranto constante, os seus
olhos assustados apenas encontravam paz na bondade que alguns tiveram para com
ele, ainda que fosse um perfeito estranho... um assassino, como ele se
designava. Deixou-se definhar, num esgar de tristeza e
fome.”
Quando olhou para o lado, o homem viu que estava sozinho.
Elmoakim tinha desaparecido.
Quando olhou para o lado, o homem viu que estava sozinho.
Elmoakim tinha desaparecido.
No Éter, Elmoakim
apresenta-se perante Elzion.
“Onde errei eu Mestre?”
“Onde errei eu Mestre?”
“Como pode um ser compreender o bem sem compreender por
que existe o mal?
Como pode um homem ser perfeito se não compreende o valor da sua vida?
Como poderia ter sobrevivido Elokai se não sabia ser justo?
Para se ser justo tem que se compreender a diferença entre o bem e o mal. Como poderia ter ensinado algo se ele próprio não detinha a sabedoria que lhe permitia discernir o certo do errado?
Como poderia viver um homem que não se perdoava?
Perguntas-me tu onde erraste?!
Erraste no desequilíbrio, Elmoakim.
Como pode um homem ser perfeito se não compreende o valor da sua vida?
Como poderia ter sobrevivido Elokai se não sabia ser justo?
Para se ser justo tem que se compreender a diferença entre o bem e o mal. Como poderia ter ensinado algo se ele próprio não detinha a sabedoria que lhe permitia discernir o certo do errado?
Como poderia viver um homem que não se perdoava?
Perguntas-me tu onde erraste?!
Erraste no desequilíbrio, Elmoakim.
A perfeição requer um equilíbrio entre os opostos.
Depreende que tudo no Universo existe por alguma razão.
Por isso, o Universo é perfeito, porque nele existem os opostos das suas forças, das suas virtudes, das suas leis e só assim tudo se mantém coeso e no seu devido lugar. O bem caminha lado a lado com o mal, o conceito de beleza foi validado pela comparação com o horrível e a justiça é aplicada porque a injustiça existe.
“Mas se o homem comum detém o conhecimento do bem e do mal porque não é ele perfeito?”
“Porque falta-lhe atingir o equilíbrio. É uma caminhada
que ele próprio tem que tomar, aprendendo com os seus actos.
Porque para muitos, só sofrendo é que dão valor ao que fizeram sofrer e outros há que mesmo sofrendo não conseguem ainda apaziguar em si o instinto da vingança.”
Porque para muitos, só sofrendo é que dão valor ao que fizeram sofrer e outros há que mesmo sofrendo não conseguem ainda apaziguar em si o instinto da vingança.”
Esta história é dedicada a Nemyah, aquele que me contou,
ao seu povo e aos que como eles tentam atingir a perfeição.
Nota:
Encontrei este texto no meu arquivo pessoal-desconheço a
fonte pesquisada.
Poema de autoria do grande poeta português Fernando Pessoa, declamado por
Paulo Autran.
Oi Rejane,
ResponderExcluirPrimeira vez por aqui, e gostei muito dos seus textos.
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Muita luz,
Sani
Terapia Cotidiana
Rejane. Todos nós somos imperfeitos. Se não fôssemos, não estaríamos aqui em estado de aprendizagem nesta vida encarnada. Beijos, amiga. Adoro o que você escreve.
ResponderExcluirRejane querida. Não importa que eu já tenha o selo. O que vale é a intenção. De qualquer forma, muitíssimo obrigada pela lembrança e pelos laços de amizade que a cada dia se tornam mais unidos. Beijos e fique com Deus.
ResponderExcluirConsciente que sou de minha imperfeição,trago para exame todas as coisas que preciso melhorar e aprender e me posiciono na condição de aprendiz.
ResponderExcluircom amor, pouco a pouco vou me tornando uma pessoa um pouquinho melhor.
LIndo tudo aqui
Volto
Carinho